Aproveitando o facto do cruzeiro ao Mediterrâneo, que organizámos em Agosto, se ter concluído em Portimão, lançámos o desafio de participar na viagem costeira de sentido inverso à efectuada em Julho, i.é, de Portimão até Lisboa com eventual escala em Sines.
Talvez por saberem que, normalmente, a vinda para norte é mais difícil, apenas se apresentaram 3 corajosos navegadores para a viagem.
Assim, à tripulação habitual destas andanças – o Hugo (armador / skipper do Special One) e o Pedro (da Confiquatro) – juntaram-se o Pedro Rosa, participante regular nos cursos e regatas da Confiquatro (tendo já concluído o Patrão Local e um ForçaDois) e recém chegado do dito cruzeiro ao Mediterrâneo, o Pedro Pereira, Patrão Local do mesmo curso do Rosa e o André Sant’anna Leite, Patrão de Costa, que se inseriu pela primeira vez numa das nossas actividades.
Para a posteridade fica aqui o Diario de bordo destes dias bem passados:
"Reunida a tripulação e após efectuado um curto estágio no Pápa Jorge, bar carismático da marina de Portimão, ultimaram-se os preparativos da embarcação, nomeadamente, a recolha e estiva do auxiliar.
Largámos às 0330 com um tempo bastante calmo. A seguir à Ponta da Piedade o vento deu um ar da sua graça e passámos a navegar exclusivamente à vela, inicialmente a uma velocidade de 5-6 nós, depois de 4-5 nós... 3-4 nós e puff!!... com o nascer do dia o vento foi dormir.
Ao contrário do habitual, a aproximação a Sagres e a dobragem do São Vicente foram perfeitamente tranquilas, tendo alguns tripulantes continuado a sonhar com aqueles pontos notáveis da nossa costa... sim, apenas sonharam, porque acabaram por acordar tão tarde que apenas os viram ao longe. Connosco navegavam outras embarcações, umas mais junto a terra, outras mais ao largo e regularmente eramos visitados pelos amigos golfinhos; mais próximo de Sines tivemos também o avistamento de uma tartaruga.Largámos às 0330 com um tempo bastante calmo. A seguir à Ponta da Piedade o vento deu um ar da sua graça e passámos a navegar exclusivamente à vela, inicialmente a uma velocidade de 5-6 nós, depois de 4-5 nós... 3-4 nós e puff!!... com o nascer do dia o vento foi dormir.
Por alturas do Cabo Sardão, o vento de novo, de W conforme previsto, mas com força 2 , pelo que mantivemos o motor, em baixa rotação, agora com o pano todo, combinação que permitia fazer uma média de cerca de 5 nós.
O rumo directo que levámos de São Vicente para Sines fazía-nos aproximar cada vez mais de terra, vendo-se nitidamente Vila Nova de Milfontes, Porto Covo, São Torpes e, finalmente, Sines onde chegámos pelas 1815... ooppss, a bomba de combustível agora encerra às 1800 aos sábados?!?!... engraçado, de semana é às 1900?!?!... junto a uma marina, ainda por cima de passagem como esta, é estranho...
Após cuidadas negociações ao telefone, conseguimos marcar um abastecimento para as 2200 e, assim, tratámos de imediato de nos irmos “abastecer” também. Mesa marcada para “O Mexilhão”, aí comparecemos para degustar uns mexilhões à Bulhão Pato, uma magnífica feijoada de chocos com camarão e um não menos excelente arroz de mexilhão... tudo devidamente regado pois nunca se sabe o dia de amanhã. 0445 zarpámos rumo a Lisboa. Onde raio está a luz vermelha que assinala o fim das pedras do molhe? Olhos postos na plotter, um resguardo à respectiva posição e aí vamos nós. Apesar do pouco descanso, não é a vista que nos atraiçoa... conseguimos ver a silhueta da bóia mas luz... népia! Está apagada (se calhar não pagaram a conta da luz eheheh!!!)
Uma ligeira brisa de sul mas com muitos saltos de direcção faz-nos seguir a motor. Passada uma hora que chatice, está a borriçar. Aos gorros juntam-se os capuzes... eh pá, não estamos no verão? Repentinamente, vento força 3 / 4 mas mesmo pela proa. Passa a força 4 / 5 mas com saltos permanentes: NW, N, NE, N, NW... então? Decide-te lá!... forma-se algum mar e a velocidade desce. Com motor e vela grande fazemos entre 4 e 5 nós em rumo directo ao Espichel que, entretanto, deixou de se ver com as nuvens.
Uma hora depois, céu praticamente limpo, vento de NW força 2, mar de pequena vaga e a SOG (speed over ground = velocidade verdadeira) na ordem dos 6 nós. E assim se manteve até à barra, com algum incremento do vento mais a norte. Às 1410 estamos “Entre Torres”, ou seja, no alinhamento do farol de São Julião com o do Bugio e, com a enchente que começou cerca de uma hora antes, foi “a abrir” até ao Parque das Nações. Até Belém ainda se fez o gosto ao dedo, só à vela, mas à passagem pela torre lá se foi o dito vento.
Chegada às 1630; embarcação no sítio e arrumada. Missão cumprida. "
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