quinta-feira, 22 de julho de 2010

"O barco não é só um meio para chegar a um destino. É a Liberdade"

Em março de 1969, o navegador Bernard Moitessier, a bordo de seu Joshua, um ketch de 39 pés com casco de aço, passou pelo cabo Horn e rumou por fora das ilhas Falkland (ou Malvinas), rumo à Inglaterra, onde com certeza venceria a regata de volta ao mundo Golden Globe Race, promovida pelo jornal Sunday Times. Estava tão à frente dos adversários que sua vitória era tida como certa e 25 mil libras esterlinas estavam à sua espera em Londres -- além de um troféu, notoriedade, adulação e provavelmente um milhão de dólares com livros, aparições na mídia, palestras, homenagens de todo tipo, sem falar da vitória sobre os demais concorrentes e sobre o orgulho nacional inglês (quase todos os adversários eram inglêses), além de possivelmente ganhar a Legion d’Honneur.
Então o inesperado aconteceu. Moitessier mudou o curso, apontando a proa do Joshua de volta para os “roaring forties”, que já tinha deixado para trás, e continuou para uma segunda volta ao mundo sem escalas, automaticamente abandonando toda e possível glória na esteira de seu barco. Ou seja, trocou a vitória, dinheiro e glória, pela alegria de viver o momento, de desfrutar do vento e das ondas sem fim, pela paz de espírito, desfrutando da arte de velejar de um modo que só ele poderia entender. “Eu salvei minha alma”, afirmaria mais tarde.

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