Quando a alegria embarca no Anaprume, a animação das aulas práticas é uma constante. Se alguém tinha dúvidas, estas fotos são prova disso.
Uma tarde de sábado que ficou com muitas histórias para contar.
quinta-feira, 26 de março de 2009
UM RADAR HUMANO NO SÉCULO XVIII - 2ª parte
UM RADAR HUMANO NO SÉCULO XVIII - 2ª parte
(continuação)
A 25 de Outubro de 1781, no meio da fumaça e do trovão das salvas de honra, uma esquadra de seis unidades ancorou diante de Port-Louis. A população apertava-se na praia e nos molhes para admirar as pirâmides de velas resplandecentes de brancura sob o sol e o clarão das bandeiras multicolores. O governador de Souillac, numa embarcação drapejada de púrpura, foi saudar, no Hero, um marinheiro ilustre: Pierre André de Suffren, de Saint-Tropez; o glorioso Suffren, comandante de navio e comendador da Ordem de Malta, que acabava de se evidenciar na guerra da independência da América e se dirigia ao mar das Índias para combater os ingleses.
Suffren desembarcou sob bandeirolas de boas-vindas e aclamações da população. Agradeceu a Souillac pela recepção.
- Pudemos preparar-nos atempadamente para o receber com todas as honras a que tem direito – disse Souillac.
- Sem dúvida, enviou uma corveta de reconhecimento? – Perguntou Suffren.
- Não, foi graças a um homem dotado de um poder surpreendente. Anuncia a chegada de navios com vários dias de antecedência.
Suffren espantou-se.
- Vários dias, diz você? O homem possui, portanto, qualquer instrumento aperfeiçoado?
- Não, senhor comendador, assegurei-me disso.
- Uma visão penetrante, então?
- No principio pensei isso, mas trata-se de outra coisa. Um homem estranho, na verdade, sobre o qual gostaria ter a sua opinião.
Apresentaram Bottineau a Suffren, que olhava com espanto. Esperava ver uma espécie de feiticeiro, com os olhos brilhantes num rosto emaciado, um profeta do mar, um ser inspirando ao mesmo tempo temor e fascínio, e tinha diante de si um homem atarracado e terno, com a aparência de um modesto funcionário.
- O senhor tem, segundo me disseram, um dom que muitos marinheiros poderiam invejar. Portanto, como faz?
Houve um silêncio. Bottineau sempre se recusara a revelar a natureza do seu poder. Ousaria conservar o mesmo mutismo perante Suffren?
- Observo os fenómenos que rodeiam os navios no alto mar – respondeu Bottineau.
- Mas então?
- É difícil explicar-lhe em poucas palavras, senhor comendador. Este fenómeno é como um meteoro, num invólucro gasoso que rodeia o casco e as velas.
- E você vê esses meteoros?
- Distingo-os nitidamente, sim.
Suffren franziu o sobrolho. Esta explicação parecia-lhe muito vaga. Manifestamente, esse Bottineau queria manter o seu segredo ou, sem dúvida, procurava sacar-lhe algum dinheiro. De resto, pouco importava. Suffren imaginava os serviços que tal homem podia prestar num navio.
- Levo-o comigo para bordo – disse ele bruscamente a Bottineau.
Este ultimo sobressaltou-se.
- Isso seria uma grande honra para mim, senhor comendador; mas a minha idade, o meu estado de saúde…
- Você poderia iniciar os marinheiros nos seus métodos?
- Creio que sim.
- Bem, no meu regresso a França, vou falar nisso ao marechal Castries. Encontraremos certamente qualquer solução que concilie os seus interesses com os do Rei.
A frota de Suffren partiu. E, no Mar das Índias, alcançou um rosário de vitórias com nomes sonoros: Providen, Negapatan, Trinquemale, Gondelour; o regresso a França e a glória para aquele que os indianos haviam denominado de “o almirante do diabo”.
Nem os fumos dos combates nem dos incensos, haviam feito esquecer a Suffren a silhueta de um homem pequeno que, na Ilha de França, se apercebia dos navios a uma dezena de léguas de distância. E Suffren falou de Bottineau ao ministério da Marinha. Este desde a carta do governador da Ilha de França, deixara de ser um desconhecido.
A intervenção de Suffren decidiu o Marechal de Castries propor a Bottineau dez mil libras de prata com mais uma pensão de mil e duzentas se este revelasse a sua descoberta.
Bottineau é feliz? Tem finalmente aquilo que deseja? Pois bem, não. Permanece reservado. Sente-se, sem dúvida, lisonjeado com a confiança do ministro da Marinha e com o apoio de Suffren, mas quer ir pessoalmente a França «para levar os primeiros princípios da nova ciência».
Suffren ficou surpreendido com o que pensou ser, inicialmente, uma forma de se escapar e, por um momento, duvidou: Bottineau seria uma espécie de vigarista e o seu famoso método não seria fruto da sua imaginação? Contudo, os factos falavam por si, patentes, irrefutáveis. Sobre este assunto temos uma estatística: de 1778 até ao principio de 1782, Bottineau anunciou a chegada de 575 navios com dois ou três dias de antecedência. Reflectindo, Souillac pensou que Bottineau desejava uma notoriedade que somente Paris poderia dar-lhe. Estava convencido que quando este, dando andamento ao seu projecto, embarcou em Fevereiro de 1784.
Vimos que, no Le Fier que o levava a França, Bottineau espantava os oficiais prevendo a proximidade de terra e esse espanto foi, para ele, de bom augúrio. Não duvidou que o sucesso e a glória o esperavam em França.
Desembarcou, por conseguinte, em Lorient e partiu para Paris cheio de esperança. Mal chegou, apresentou-se no ministério da Marinha, apresentou um memorial e regressou uma semana depois para pedir uma audiência ao marechal de Castries. Esperou uma resposta durante demasiado tempo. Por fim, disseram-lhe que o seu memorial estava em estudo e que o ministro o receberia mais tarde.
Bottineau não compreende. Insiste. O ministro sabia que era ele: este escrevera a seu respeito ao governador da Ilha de França, propondo mesmo uma pensão para ele, Bottineau. Tiveram um gesto evasivo. Numerosos memoriais estavam em estudo. Devia esperar a sua vez.
Bottineau procura então ver Suffren. O grande marinheiro, que foi promovido a vice-almirante e que toda a cidade de Paris aclamou alguns meses antes, está na Provença, no seu castelo de Saint-Cannat.
Bottineau sente-se desamparado. Em Port-Louis era uma espécie de celebridade. Em Paris era um anónimo, um tagarela que se vangloriava de ver navios às dezenas e a dezenas de léguas. Esforça-se, contudo, por ultrapassar a sua decepção, e procura apoios.
Acredita tê-lo encontrado. Começam a falar de um naturalista que também é escritor: Bernardino de Saint-Pierre. Publicou a Viagem à Ilha de França e, três anos mais tarde, o seu Paulo e Virgínia conferiu-lhe uma definitiva notoriedade. Ora, Bottineau encontrou Bernardino de Saint-Pierre na Ilha de França. Foi visitá-lo e expôs-lhe a razão da sua estadia em Paris: a divulgação de uma nova ciência que ele chama de “nauscopia”.
Bernardino de Saint-Pierre estudara a vida dos pássaros. Sabia que, observando o voo de certas espécies dos trópicos, pode anunciar-se a chegada de navios com muito tempo de antecedência.
Bottineau interrompeu-o.
- Não se baseia no voo dos pássaros.
- Talvez uma miragem – disse Bernardino de Saint-Pierre.
E cita a aventura do seu amigo, o pintor Joseph Vernet que, estudando o céu, no decurso de uma viagem de Itália, viu nas nuvens «uma cidade caída com sinos, torres, casas». Vernet apressou-se a fazer um croqui, depois descobriu a sete milhas dali, essa mesma cidade cuja imagem estava reflectida nas nuvens.
Bottineau interrompeu-o de novo.
- Não se tratava de miragens. A “nauscopia” consiste em observar os meteoros que suscitam os navios no mar.
Bernardino de Saint-Pierre escuta-o com atenção, mas continua circunspecto. «Há», disse ele prudentemente, «na natureza uma infinidade de coisas desconhecidas ao homem. A sua descoberta pode ser uma delas».
(continua...)
(continuação)
A 25 de Outubro de 1781, no meio da fumaça e do trovão das salvas de honra, uma esquadra de seis unidades ancorou diante de Port-Louis. A população apertava-se na praia e nos molhes para admirar as pirâmides de velas resplandecentes de brancura sob o sol e o clarão das bandeiras multicolores. O governador de Souillac, numa embarcação drapejada de púrpura, foi saudar, no Hero, um marinheiro ilustre: Pierre André de Suffren, de Saint-Tropez; o glorioso Suffren, comandante de navio e comendador da Ordem de Malta, que acabava de se evidenciar na guerra da independência da América e se dirigia ao mar das Índias para combater os ingleses.
Suffren desembarcou sob bandeirolas de boas-vindas e aclamações da população. Agradeceu a Souillac pela recepção.
- Pudemos preparar-nos atempadamente para o receber com todas as honras a que tem direito – disse Souillac.
- Sem dúvida, enviou uma corveta de reconhecimento? – Perguntou Suffren.
- Não, foi graças a um homem dotado de um poder surpreendente. Anuncia a chegada de navios com vários dias de antecedência.
Suffren espantou-se.
- Vários dias, diz você? O homem possui, portanto, qualquer instrumento aperfeiçoado?
- Não, senhor comendador, assegurei-me disso.
- Uma visão penetrante, então?
- No principio pensei isso, mas trata-se de outra coisa. Um homem estranho, na verdade, sobre o qual gostaria ter a sua opinião.
Apresentaram Bottineau a Suffren, que olhava com espanto. Esperava ver uma espécie de feiticeiro, com os olhos brilhantes num rosto emaciado, um profeta do mar, um ser inspirando ao mesmo tempo temor e fascínio, e tinha diante de si um homem atarracado e terno, com a aparência de um modesto funcionário.
- O senhor tem, segundo me disseram, um dom que muitos marinheiros poderiam invejar. Portanto, como faz?
Houve um silêncio. Bottineau sempre se recusara a revelar a natureza do seu poder. Ousaria conservar o mesmo mutismo perante Suffren?
- Observo os fenómenos que rodeiam os navios no alto mar – respondeu Bottineau.
- Mas então?
- É difícil explicar-lhe em poucas palavras, senhor comendador. Este fenómeno é como um meteoro, num invólucro gasoso que rodeia o casco e as velas.
- E você vê esses meteoros?
- Distingo-os nitidamente, sim.
Suffren franziu o sobrolho. Esta explicação parecia-lhe muito vaga. Manifestamente, esse Bottineau queria manter o seu segredo ou, sem dúvida, procurava sacar-lhe algum dinheiro. De resto, pouco importava. Suffren imaginava os serviços que tal homem podia prestar num navio.
- Levo-o comigo para bordo – disse ele bruscamente a Bottineau.
Este ultimo sobressaltou-se.
- Isso seria uma grande honra para mim, senhor comendador; mas a minha idade, o meu estado de saúde…
- Você poderia iniciar os marinheiros nos seus métodos?
- Creio que sim.
- Bem, no meu regresso a França, vou falar nisso ao marechal Castries. Encontraremos certamente qualquer solução que concilie os seus interesses com os do Rei.
A frota de Suffren partiu. E, no Mar das Índias, alcançou um rosário de vitórias com nomes sonoros: Providen, Negapatan, Trinquemale, Gondelour; o regresso a França e a glória para aquele que os indianos haviam denominado de “o almirante do diabo”.
Nem os fumos dos combates nem dos incensos, haviam feito esquecer a Suffren a silhueta de um homem pequeno que, na Ilha de França, se apercebia dos navios a uma dezena de léguas de distância. E Suffren falou de Bottineau ao ministério da Marinha. Este desde a carta do governador da Ilha de França, deixara de ser um desconhecido.
A intervenção de Suffren decidiu o Marechal de Castries propor a Bottineau dez mil libras de prata com mais uma pensão de mil e duzentas se este revelasse a sua descoberta.
Bottineau é feliz? Tem finalmente aquilo que deseja? Pois bem, não. Permanece reservado. Sente-se, sem dúvida, lisonjeado com a confiança do ministro da Marinha e com o apoio de Suffren, mas quer ir pessoalmente a França «para levar os primeiros princípios da nova ciência».
Suffren ficou surpreendido com o que pensou ser, inicialmente, uma forma de se escapar e, por um momento, duvidou: Bottineau seria uma espécie de vigarista e o seu famoso método não seria fruto da sua imaginação? Contudo, os factos falavam por si, patentes, irrefutáveis. Sobre este assunto temos uma estatística: de 1778 até ao principio de 1782, Bottineau anunciou a chegada de 575 navios com dois ou três dias de antecedência. Reflectindo, Souillac pensou que Bottineau desejava uma notoriedade que somente Paris poderia dar-lhe. Estava convencido que quando este, dando andamento ao seu projecto, embarcou em Fevereiro de 1784.
Vimos que, no Le Fier que o levava a França, Bottineau espantava os oficiais prevendo a proximidade de terra e esse espanto foi, para ele, de bom augúrio. Não duvidou que o sucesso e a glória o esperavam em França.
Desembarcou, por conseguinte, em Lorient e partiu para Paris cheio de esperança. Mal chegou, apresentou-se no ministério da Marinha, apresentou um memorial e regressou uma semana depois para pedir uma audiência ao marechal de Castries. Esperou uma resposta durante demasiado tempo. Por fim, disseram-lhe que o seu memorial estava em estudo e que o ministro o receberia mais tarde.
Bottineau não compreende. Insiste. O ministro sabia que era ele: este escrevera a seu respeito ao governador da Ilha de França, propondo mesmo uma pensão para ele, Bottineau. Tiveram um gesto evasivo. Numerosos memoriais estavam em estudo. Devia esperar a sua vez.
Bottineau procura então ver Suffren. O grande marinheiro, que foi promovido a vice-almirante e que toda a cidade de Paris aclamou alguns meses antes, está na Provença, no seu castelo de Saint-Cannat.
Bottineau sente-se desamparado. Em Port-Louis era uma espécie de celebridade. Em Paris era um anónimo, um tagarela que se vangloriava de ver navios às dezenas e a dezenas de léguas. Esforça-se, contudo, por ultrapassar a sua decepção, e procura apoios.
Acredita tê-lo encontrado. Começam a falar de um naturalista que também é escritor: Bernardino de Saint-Pierre. Publicou a Viagem à Ilha de França e, três anos mais tarde, o seu Paulo e Virgínia conferiu-lhe uma definitiva notoriedade. Ora, Bottineau encontrou Bernardino de Saint-Pierre na Ilha de França. Foi visitá-lo e expôs-lhe a razão da sua estadia em Paris: a divulgação de uma nova ciência que ele chama de “nauscopia”.
Bernardino de Saint-Pierre estudara a vida dos pássaros. Sabia que, observando o voo de certas espécies dos trópicos, pode anunciar-se a chegada de navios com muito tempo de antecedência.
Bottineau interrompeu-o.
- Não se baseia no voo dos pássaros.
- Talvez uma miragem – disse Bernardino de Saint-Pierre.
E cita a aventura do seu amigo, o pintor Joseph Vernet que, estudando o céu, no decurso de uma viagem de Itália, viu nas nuvens «uma cidade caída com sinos, torres, casas». Vernet apressou-se a fazer um croqui, depois descobriu a sete milhas dali, essa mesma cidade cuja imagem estava reflectida nas nuvens.
Bottineau interrompeu-o de novo.
- Não se tratava de miragens. A “nauscopia” consiste em observar os meteoros que suscitam os navios no mar.
Bernardino de Saint-Pierre escuta-o com atenção, mas continua circunspecto. «Há», disse ele prudentemente, «na natureza uma infinidade de coisas desconhecidas ao homem. A sua descoberta pode ser uma delas».
(continua...)
quarta-feira, 25 de março de 2009
Lisboa Entre Pontes
Passeio em veleiro pela orla ribeirinha de Lisboa entre a Ponte 25 de Abril, uma das zonas mais históricas da cidade, e a Ponte Vasco da Gama, junto à zona ribeirinha do Parque das Nações, onde se avistam magníficas obras arquitectónicas como o Oceanário ou a Torre Vasco da Gama.
A navegação junto à margem sul do rio Tejo dá a conhecer a história industrial desta zona.
Um dos nossos passeios mais requisitado.
A navegação junto à margem sul do rio Tejo dá a conhecer a história industrial desta zona.
Um dos nossos passeios mais requisitado.
"Sua razão e sua paixão são o leme e a vela de sua alma navegante.
Se um dos dois quebrar, você pode adornar e ficar à deriva ou ficar imóvel no meio do mar.
Porque a razão, reinando sózinha, restringe todo impulso. E a paixão, deixada a si, é fogo que arde até sua própria destruição."
Khalil Gibran (1883 - 1931)
segunda-feira, 23 de março de 2009
Patrão Local...mais uma saída
Mais uma saída dos nossos novos aspirantes a Patrões Locais.
A Maria, a Filipa e o Diogo parecem divertir-se muito... e ainda o final do dia das surpresas havia de chegar!!!
Pelo meio, uma bem sucedida manobra de homem ao mar - oops! de manivela (do molinete) ao mar - e uma óptima sessão de vela proporcionada pelos quase 20 nós de vento, intervalada com umas perguntas sobre faróis e balizagem, RIEAM, comunicações e marcações de azimutes.
quinta-feira, 19 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
UM RADAR HUMANO NO SÉCULO XVIII (1ª parte)
UM RADAR HUMANO NO SÉCULO XVIII - 1ª parte
(tirado de "Histórias Marítimas Extraordinárias" de Robert de La Croix, conto XVII, editado pela primeira vez em 1996 em França.)
Um naufrágio simboliza o fracasso do navio. É também, por vezes, o fracasso do homem, que não conseguiu aperceber-se a tempo do baixio ou da rocha sobre os quais se ferirá mortalmente o casco.
A invenção do radar, que permite ver o invisível, trará um importante elemento de segurança para os navegadores.
Cerca de um século e meio antes, um homem pretendera possuir um estranho poder.
Precisamente, o de detectar, a mais de uma centena de quilómetros de distancia, um navio ou uma costa.
Eis esse homem na ponte do navio Le Fier, que ia de Port-Louis, ilha de França (hoje ilha Maurícia), até Lorient. Um dos oficiais do Fier, o primeiro-tenente Dufour, olha para esse homem com curiosidade. Este tem o aspecto de um modesto empregado ou de um peque no burguês, com um rosto comum, com quarenta insignificantes anos e contudo, representa simultaneamente um enigma e um sonho.
Primeiro um enigma, porque esse passageiro possui um dom extraordinário: distingue a dezenas de léguas um navio ou uma costa invisíveis para os vigias mais experimentados e munidos de monóculos.
Em seguida um sonho. O dos navios tendo a bordo marinheiros com os mesmos poderes que este estranho passageiro. Então, nunca mais encalhariam numa costa desconhecida; nunca mais sofreriam um abalroamento na bruma; nunca mais haveria naufrágios sobre os rochedos. E, nas unidades de combate, a possibilidade de detectar a presença do inimigo, de o perseguir, de o atacar de surpresa.
Foi no dia 16 de Março de 1784 que o passageiro se aproximou de Dufour, quando este ultimo estava de quarto no tombadilho.
- Sabe, por certo, senhor – dissera o passageiro – que se encontra a trinta léguas de terra? Com este vento de sul arriscamo-nos, esta noite, a ser desviados para a costa, se não nos afastarmos.
O primeiro-tenente, surpreendido, voltou-se para o passageiro e perguntou-lhe com um ar trocista:
- O senhor é marinheiro?
- Já fui, durante uns anos, na Companhia das Índias.
- E em que baseia a sua afirmação?
- Antes de lhe responder, gostaria que se assegurasse da veracidade do que acabo de lhe dizer.
Intrigado, Dufour desceu a sala de navegação e debruçou-se sobre a carta marítima. A partir do
último ponto, traçou a rota do navio tendo em conta a velocidade e a derivação calculada. Verificou que o Le Fier se encontrava mesmo a umas trinta léguas da costa de África, como anunciara o passageiro.
- O senhor possui assim uma visão tão apurada? – perguntou Dufour a este último, estupefacto.
- Tenho, de facto uma boa visão, mas não o suficiente para descobrir um navio ou uma costa invisíveis.
- Mas então como é que faz?
- Baseio-me na observação de certos fenómenos. Queira desculpar-me por não poder adiantar mais nada. Reservo o primor da minha descoberta ao Ministro da Marinha, o Marechal de Castries. É esse mesmo o objectivo da minha viagem a França.
E o passageiro rodou sobre os calcanhares.
***
Foi em 1770 que Etienne Bottineau chegou a Port-Louis, na Ilha de França. Começara a navegar como aprendiz de piloto com a idade de quinze anos (começo relativamente tardio; muitos marinheiros embarcam como grumetes com oito ou nove anos).
Bottineau abandonou a navegação para ocupar um lugar em terra, nos escritórios do rei. Só abandonava o seu trabalho para longos passeios à beira-mar. Passeios sempre solitários. Andava lentamente, como se meditasse. Por vezes, parava, olhava fixamente a linha do horizonte, por muito que o mar estivesse deserto.
Sofria então uma estranha metamorfose. O seu rosto crispava-se, como sob o efeito dum mal-estar, impressão que acentuava ainda a rigidez do corpo. Pensavam que ele fosse cair, vítima de um ataque. Depois, após cinco ou dez minutos, as suas feições distendiam-se. Os seus lábios desenhavam um vago sorriso e Bttineau ia para sua casa.
Um dia pediu para falar com o governador da Ilha de França, o senhor de Souillac, sobre um assunto importante. Este não tinha por hábito incomodar-se por um simples empregado. Fê-lo ser recebido por Foucault, o seu intendente.
- Queria prevenir o senhor Souillac – disse Bottineau - que uma esquadra de três unidades se dirige para Port Louis. Se os ventos continuarem favoráveis, serão avistados antes de três dias.
Foucault franziu o sobrolho.
- Como é que você sabe?
- É difícil explicar em poucas palavras, senhor intendente. Senti a sua aproximação por causa de alguns indícios.
Foucault esteve quase a perguntar quais poderiam ser esses indícios, mas não quis perder mais tempo com uma cabeça manifestamente desarranjada. Levantou-se e mandou embora o oportuno.
Três dias mais tarde, saindo da sua casa, foi abordado por Etienne Bottineau.
- Você outra vez! – disse Foucault irritado.
- Só uma palavra, se faz favor. Permito-me fazer-lhe ver que as minhas previsões estavam certas. As três unidades que lhe anunciei já chegaram.
Foucault permaneceu silencioso antes de murmurar, como para si mesmo: « Mas… é verdade.»
Depois acrescentou, irónico:
- O acaso fez bem as coisas.
- Tomarei a liberdade de lhe remeter um bilhete quando me for possível fazer novas observações – disse Bottineau , nada perturbado.
- Como queira – respondeu Foucault.
E afastou-se, esperando não voltar a ver aquele tagarela.
A sua esperança foi em vão. Quinze dias depois, recebeu um bilhete de Bottineau anunciando a chegada de quatro embarcações antes de dois dias.
- O homenzinho quer que falem dele – pensou Foucault.
Por curiosidade, perguntou aos vigias, que observavam o largo a partir das colinas que rodeavam a cidade, se eles haviam avistado algumas velas. Os vigias perscrutaram o mar com os seus monóculos: o mar encontrava-se deserto.
E assim continuou no dia seguinte. Mas na madrugada do dia seguinte, quatro pontos negros apareceram no horizonte. À noite, quatro unidades ancoraram em Port Louis, como previra Bottineaul.
Desta vez, Foucault, impressionado, advertiu o governador. O visconde de Souillac encolheu os ombros.
- Esse Bottineaul deve ter ligações com pescadores. Ou então inventou algum monóculo mais possante do que os nossos. É preciso tirar isso a limpo. Ou talvez o acaso tenha ajudado uma segunda vez. Vamos ainda esperar.
Souillac esperou uns quinze dias. Desta vez, Bottineau predisse a chegada de uma fragata muito antes dos vigias.
- Curioso… - disse Souillac.
Não tirou ainda qualquer conclusão sobre os pretendidos poderes de Bottineau. A questão intrigava-o e divertia-o, assim como começou a intrigar e divertir os habitantes de Port-Louis. Apontavam a dedo o homenzinho apagado e silencioso, que não parecia nada afectado pela curiosidade que suscitava.
Bottineau, tornou-se, pouco a pouco uma espécie de celebridade. Perguntaram-lhe se podia prever também o tempo e o futuro. Bottineau não se zangava e contentava-se em sorrir. Imperturbável, continuava a enviar bilhetes a Souillac, que ficava sempre de reserva, ainda que a sua desconfiança em relação a Bottineau se tivesse atenuado. Este último não parecia sentir-se afectado nem com a desconfiança nem com a zombaria dos habitantes do Ilha de França confessará mais tarde que sofrera, com efeito, com os sarcasmos de que fora objecto).
Por vezes, um marinheiro ou um soldado abordavam-no.
- Barcos à vista, senhor Bottineau?
- Precisamente. Três dentro de dois dias.
- Aposto um luis em como não chegarão.
Bottineau aceitou a aposta. E ganhou-a. Excepto quando uma acalmia retardava os barcos ou quando estes passavam ao largo sem parar em Port-Louis. «Pude assim ganhar uma soma
considerável», dirá Bottineau.
Pouco a pouco, conseguiu suscitar o interesse e a simpatia de Genu, o seu superior hierárquico, do procurador do rei, Lebras de Villeviderne, do capitão de infantaria Trebont. Essas pessoas
intervieram junto do governador. Ettiene Bottineau, asseguraram, não era um impostor. Dispunha de um poder singular, mas bem real.
Souillac acabou por convocar Bottineau. Ele prometeu-lhe escrever ao marechal de Castries, o ministro da Marinha. Talvez este lhe concedesse uma pensão em troca do seu segredo. Castries respondeu que, antes de tomar qualquer decisão a respeito de Bottineau, desejava que este realizasse uma série de observações num espaço de oito meses, sob o controlo das autoridades. Bottineau aceitou, com a condição de não ser vigiado e de poder usufruir de plena liberdade de movimentos.
( continua..)
A invenção do radar, que permite ver o invisível, trará um importante elemento de segurança para os navegadores.
Cerca de um século e meio antes, um homem pretendera possuir um estranho poder.
Precisamente, o de detectar, a mais de uma centena de quilómetros de distancia, um navio ou uma costa.
Eis esse homem na ponte do navio Le Fier, que ia de Port-Louis, ilha de França (hoje ilha Maurícia), até Lorient. Um dos oficiais do Fier, o primeiro-tenente Dufour, olha para esse homem com curiosidade. Este tem o aspecto de um modesto empregado ou de um peque no burguês, com um rosto comum, com quarenta insignificantes anos e contudo, representa simultaneamente um enigma e um sonho.
Primeiro um enigma, porque esse passageiro possui um dom extraordinário: distingue a dezenas de léguas um navio ou uma costa invisíveis para os vigias mais experimentados e munidos de monóculos.
Em seguida um sonho. O dos navios tendo a bordo marinheiros com os mesmos poderes que este estranho passageiro. Então, nunca mais encalhariam numa costa desconhecida; nunca mais sofreriam um abalroamento na bruma; nunca mais haveria naufrágios sobre os rochedos. E, nas unidades de combate, a possibilidade de detectar a presença do inimigo, de o perseguir, de o atacar de surpresa.
Foi no dia 16 de Março de 1784 que o passageiro se aproximou de Dufour, quando este ultimo estava de quarto no tombadilho.
- Sabe, por certo, senhor – dissera o passageiro – que se encontra a trinta léguas de terra? Com este vento de sul arriscamo-nos, esta noite, a ser desviados para a costa, se não nos afastarmos.
O primeiro-tenente, surpreendido, voltou-se para o passageiro e perguntou-lhe com um ar trocista:
- O senhor é marinheiro?
- Já fui, durante uns anos, na Companhia das Índias.
- E em que baseia a sua afirmação?
- Antes de lhe responder, gostaria que se assegurasse da veracidade do que acabo de lhe dizer.
Intrigado, Dufour desceu a sala de navegação e debruçou-se sobre a carta marítima. A partir do
último ponto, traçou a rota do navio tendo em conta a velocidade e a derivação calculada. Verificou que o Le Fier se encontrava mesmo a umas trinta léguas da costa de África, como anunciara o passageiro.
- O senhor possui assim uma visão tão apurada? – perguntou Dufour a este último, estupefacto.
- Tenho, de facto uma boa visão, mas não o suficiente para descobrir um navio ou uma costa invisíveis.
- Mas então como é que faz?
- Baseio-me na observação de certos fenómenos. Queira desculpar-me por não poder adiantar mais nada. Reservo o primor da minha descoberta ao Ministro da Marinha, o Marechal de Castries. É esse mesmo o objectivo da minha viagem a França.
E o passageiro rodou sobre os calcanhares.
***
Foi em 1770 que Etienne Bottineau chegou a Port-Louis, na Ilha de França. Começara a navegar como aprendiz de piloto com a idade de quinze anos (começo relativamente tardio; muitos marinheiros embarcam como grumetes com oito ou nove anos).
Bottineau abandonou a navegação para ocupar um lugar em terra, nos escritórios do rei. Só abandonava o seu trabalho para longos passeios à beira-mar. Passeios sempre solitários. Andava lentamente, como se meditasse. Por vezes, parava, olhava fixamente a linha do horizonte, por muito que o mar estivesse deserto.
Sofria então uma estranha metamorfose. O seu rosto crispava-se, como sob o efeito dum mal-estar, impressão que acentuava ainda a rigidez do corpo. Pensavam que ele fosse cair, vítima de um ataque. Depois, após cinco ou dez minutos, as suas feições distendiam-se. Os seus lábios desenhavam um vago sorriso e Bttineau ia para sua casa.
Um dia pediu para falar com o governador da Ilha de França, o senhor de Souillac, sobre um assunto importante. Este não tinha por hábito incomodar-se por um simples empregado. Fê-lo ser recebido por Foucault, o seu intendente.
- Queria prevenir o senhor Souillac – disse Bottineau - que uma esquadra de três unidades se dirige para Port Louis. Se os ventos continuarem favoráveis, serão avistados antes de três dias.
Foucault franziu o sobrolho.
- Como é que você sabe?
- É difícil explicar em poucas palavras, senhor intendente. Senti a sua aproximação por causa de alguns indícios.
Foucault esteve quase a perguntar quais poderiam ser esses indícios, mas não quis perder mais tempo com uma cabeça manifestamente desarranjada. Levantou-se e mandou embora o oportuno.
Três dias mais tarde, saindo da sua casa, foi abordado por Etienne Bottineau.
- Você outra vez! – disse Foucault irritado.
- Só uma palavra, se faz favor. Permito-me fazer-lhe ver que as minhas previsões estavam certas. As três unidades que lhe anunciei já chegaram.
Foucault permaneceu silencioso antes de murmurar, como para si mesmo: « Mas… é verdade.»
Depois acrescentou, irónico:
- O acaso fez bem as coisas.
- Tomarei a liberdade de lhe remeter um bilhete quando me for possível fazer novas observações – disse Bottineau , nada perturbado.
- Como queira – respondeu Foucault.
E afastou-se, esperando não voltar a ver aquele tagarela.
A sua esperança foi em vão. Quinze dias depois, recebeu um bilhete de Bottineau anunciando a chegada de quatro embarcações antes de dois dias.
- O homenzinho quer que falem dele – pensou Foucault.
Por curiosidade, perguntou aos vigias, que observavam o largo a partir das colinas que rodeavam a cidade, se eles haviam avistado algumas velas. Os vigias perscrutaram o mar com os seus monóculos: o mar encontrava-se deserto.
E assim continuou no dia seguinte. Mas na madrugada do dia seguinte, quatro pontos negros apareceram no horizonte. À noite, quatro unidades ancoraram em Port Louis, como previra Bottineaul.
Desta vez, Foucault, impressionado, advertiu o governador. O visconde de Souillac encolheu os ombros.
- Esse Bottineaul deve ter ligações com pescadores. Ou então inventou algum monóculo mais possante do que os nossos. É preciso tirar isso a limpo. Ou talvez o acaso tenha ajudado uma segunda vez. Vamos ainda esperar.
Souillac esperou uns quinze dias. Desta vez, Bottineau predisse a chegada de uma fragata muito antes dos vigias.
- Curioso… - disse Souillac.
Não tirou ainda qualquer conclusão sobre os pretendidos poderes de Bottineau. A questão intrigava-o e divertia-o, assim como começou a intrigar e divertir os habitantes de Port-Louis. Apontavam a dedo o homenzinho apagado e silencioso, que não parecia nada afectado pela curiosidade que suscitava.
Bottineau, tornou-se, pouco a pouco uma espécie de celebridade. Perguntaram-lhe se podia prever também o tempo e o futuro. Bottineau não se zangava e contentava-se em sorrir. Imperturbável, continuava a enviar bilhetes a Souillac, que ficava sempre de reserva, ainda que a sua desconfiança em relação a Bottineau se tivesse atenuado. Este último não parecia sentir-se afectado nem com a desconfiança nem com a zombaria dos habitantes do Ilha de França confessará mais tarde que sofrera, com efeito, com os sarcasmos de que fora objecto).
Por vezes, um marinheiro ou um soldado abordavam-no.
- Barcos à vista, senhor Bottineau?
- Precisamente. Três dentro de dois dias.
- Aposto um luis em como não chegarão.
Bottineau aceitou a aposta. E ganhou-a. Excepto quando uma acalmia retardava os barcos ou quando estes passavam ao largo sem parar em Port-Louis. «Pude assim ganhar uma soma
considerável», dirá Bottineau.
Pouco a pouco, conseguiu suscitar o interesse e a simpatia de Genu, o seu superior hierárquico, do procurador do rei, Lebras de Villeviderne, do capitão de infantaria Trebont. Essas pessoas
intervieram junto do governador. Ettiene Bottineau, asseguraram, não era um impostor. Dispunha de um poder singular, mas bem real.
Souillac acabou por convocar Bottineau. Ele prometeu-lhe escrever ao marechal de Castries, o ministro da Marinha. Talvez este lhe concedesse uma pensão em troca do seu segredo. Castries respondeu que, antes de tomar qualquer decisão a respeito de Bottineau, desejava que este realizasse uma série de observações num espaço de oito meses, sob o controlo das autoridades. Bottineau aceitou, com a condição de não ser vigiado e de poder usufruir de plena liberdade de movimentos.
( continua..)
Contos do Mar
A partir do dia de hoje, por iniciativa do nosso aluno Luís Guerra, começamos a rubrica Contos do Mar.
Serão editadas pequenas short stories ou contos em episódios relativos à vida no mar ou de qualquer forma ligados ao mar.
Uma oportunidade para narrar experiências vividas, para reviver situações e todas as sensações que o mar é capaz de proporcionar: porque a literatura do Mar, além de ter uma forte carga emotiva, reconduz àquelas categorias humanas de desejo de conhecimento, descoberta e auto-afirmação.
Se dentro de ti está um "Além" que pede para ser descoberto, com estas leituras tentaremos ajudar-te a consegui-lo. Entretanto desejamos uma boa leitura, entre as velas do Sonho ou do Eu autêntico...
Serão editadas pequenas short stories ou contos em episódios relativos à vida no mar ou de qualquer forma ligados ao mar.
Uma oportunidade para narrar experiências vividas, para reviver situações e todas as sensações que o mar é capaz de proporcionar: porque a literatura do Mar, além de ter uma forte carga emotiva, reconduz àquelas categorias humanas de desejo de conhecimento, descoberta e auto-afirmação.
Se dentro de ti está um "Além" que pede para ser descoberto, com estas leituras tentaremos ajudar-te a consegui-lo. Entretanto desejamos uma boa leitura, entre as velas do Sonho ou do Eu autêntico...
terça-feira, 17 de março de 2009
Aulas e Convívio
Ao fim de algumas semanas com aulas teóricas duas vezes por semana (seis horas) e quatro horas de convívio a bordo ao fim de semana, é natural que os laços de amizade se instalem sem grandes cerimónias. Afinal de contas, estamos a falar de navegação à vela, e todos sabemos que a comunicação entre tripulantes é essencial para uma navegação perfeita (neste caso, que busca a perfeição).
O curso de Patrão Local actualmente em curso está dividido em três grupos de aulas práticas, pois o nosso Anaprume tem a capacidade máxima de seis passageiros. Por esta razão as fotos não têm todos os alunos, uma vez que nem sempre há fotógrafo a bordo (ficamos à espera de mais fotos). Contudo aqui fica um "cheirinho" da empatia criada a bordo.
Grupo dos sábados de manhã (da esq. para a dir.): Cristina, Miguel, Diogo (em cima), Bruno e Luísa.
"A preparar para zarpar sem formador a bordo! (não conseguimos...)"
Grupo dos domingos de manhã: Pedro, Miguel, Jerónimo e André
(ainda sem fotos).
Grupo dos domingos à tarde (da esq. para a dir.): André, Diogo e Nuno (na foto), Filipa e Maria.
Como um dos alunos diz: "Posso não ter jeito, mas pelo menos gosto."
Na Confiquatro temos uma resposta: O jeito nós ensinamos. Se gostas, temos tudo, do resto cuidamos nós!
O curso de Patrão Local actualmente em curso está dividido em três grupos de aulas práticas, pois o nosso Anaprume tem a capacidade máxima de seis passageiros. Por esta razão as fotos não têm todos os alunos, uma vez que nem sempre há fotógrafo a bordo (ficamos à espera de mais fotos). Contudo aqui fica um "cheirinho" da empatia criada a bordo.
Grupo dos sábados de manhã (da esq. para a dir.): Cristina, Miguel, Diogo (em cima), Bruno e Luísa.
"A preparar para zarpar sem formador a bordo! (não conseguimos...)"
Grupo dos domingos de manhã: Pedro, Miguel, Jerónimo e André
(ainda sem fotos).
Grupo dos domingos à tarde (da esq. para a dir.): André, Diogo e Nuno (na foto), Filipa e Maria.
Como um dos alunos diz: "Posso não ter jeito, mas pelo menos gosto."
Na Confiquatro temos uma resposta: O jeito nós ensinamos. Se gostas, temos tudo, do resto cuidamos nós!
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Les Gabiers d'Artimon
Les Gabiers d'Artimon é um grupo popular de canções de marinheiros oriundo da região francesa de Lorient, que completa 30 anos de existência no próximo dia 15 de Abril.
Temas como "Le corsaire de Saint Malo", "Au cabestan", "Quinze marins", "Aloue la Falaloue" e tantos outros, transportam-nos para o imaginário dos tempos dos grandes veleiros, dos piratas e corsários... aqui fica um pedacinho para abrir o apetite (a não perder na íntegra)
http://gabiersdartimon.free.fr/MP3s/Cabestan.mp3
http://gabiersdartimon.free.fr/MP3s/Corsaire.mp3
Temas como "Le corsaire de Saint Malo", "Au cabestan", "Quinze marins", "Aloue la Falaloue" e tantos outros, transportam-nos para o imaginário dos tempos dos grandes veleiros, dos piratas e corsários... aqui fica um pedacinho para abrir o apetite (a não perder na íntegra)
http://gabiersdartimon.free.fr/MP3s/Cabestan.mp3
http://gabiersdartimon.free.fr/MP3s/Corsaire.mp3
segunda-feira, 16 de março de 2009
Training de vela
Antonio Poças, João Poças e Jorge Dias (nas fotografias), e também José Artur e Pedro Pereira fazem parte do entusiasmante grupo de Leiria que no ano passado se tornaram Patrões Locais com o apoio da Confiquatro.
Nem a distância física os consegue afastar do Tejo e prova disso mesmo é que já estão a terminar o Training de vela, nível II... pelo caminho ainda convenceram o amigo de longa data Paulo Resende (Patrão de Costa) a embarcar na aventura.
Qual será o passo a seguir?
Nem a distância física os consegue afastar do Tejo e prova disso mesmo é que já estão a terminar o Training de vela, nível II... pelo caminho ainda convenceram o amigo de longa data Paulo Resende (Patrão de Costa) a embarcar na aventura.
Qual será o passo a seguir?
quarta-feira, 11 de março de 2009
Alunos Patrão Local
Apresentamo-vos os Patrões Locais de Novembro 2008: Fernando Gonçalves, Gonçalo Pinheiro, Duarte Andrade, Miguel Cardoso e a fantástica Orízia Parracho.
Mais uma tripulação que se distinguiu pela boa disposição e simpatia. Uma turma absolutamente versátil onde o sorriso e a descontracção foram uma constante durante a experiência inteira.
Orgulho da Confiquatro pelos brilhantes resultados obtidos no exame, fruto de muito estudo. Felizmente a sua presença não ficará apenas no álbum das lembranças da Confiquatro pois estão prestes a começar outra aventura connosco: o training de vela nível II...
porque quando o Mar chama, o verdadeiro navegador responde!
Aqui ficam umas fotos a testemunhar mais um dia de formação e diversão...
Mais uma tripulação que se distinguiu pela boa disposição e simpatia. Uma turma absolutamente versátil onde o sorriso e a descontracção foram uma constante durante a experiência inteira.
Orgulho da Confiquatro pelos brilhantes resultados obtidos no exame, fruto de muito estudo. Felizmente a sua presença não ficará apenas no álbum das lembranças da Confiquatro pois estão prestes a começar outra aventura connosco: o training de vela nível II...
porque quando o Mar chama, o verdadeiro navegador responde!
Aqui ficam umas fotos a testemunhar mais um dia de formação e diversão...
terça-feira, 10 de março de 2009
MAYDAY MAYDAY MAYDAY
Por sugestão da nossa aluna LIMA SIERRA (Luísa Silva), aqui deixamos um exemplo (passe a publicidade) daquilo que poderá ser uma má comunicação de socorro e, mais grave, um mau serviço de apoio à navegação.
Não só o receptor não está minimamente preparado para perceber o que se passa, como
a comunicação é feita de forma atabalhoada e incompleta.
A pergunta é lançada aqui para discussão (em especial ao alunos de Patrão Local que ontem aprenderam como se faz): qual deverá ser a nossa acção se captarmos o pedido de socorro?
ESCUTO (as vossas respostas, claro).
Não só o receptor não está minimamente preparado para perceber o que se passa, como
a comunicação é feita de forma atabalhoada e incompleta.
A pergunta é lançada aqui para discussão (em especial ao alunos de Patrão Local que ontem aprenderam como se faz): qual deverá ser a nossa acção se captarmos o pedido de socorro?
ESCUTO (as vossas respostas, claro).
segunda-feira, 9 de março de 2009
Navios ecológicos
NAVIO ECOLÓGICO
Um sistema de propulsão híbrida motor-vela-motor permite aos grandes navios oceânicos poupar consistentemente o carburante. Nem é necessária uma vela: basta um papagaio!
As forças armadas americanas serão a primeira organização no mundo a utilizar esta nova geração de navios, a propulsão híbrida motor-vela, que permite poupanças de carburante de 20-30% relativamente às embarcações convencionais.
A nova tecnologia utiliza, em vez da vela grande e do spinnaker, um gigantesco papagaio que, ligado ao navio através de um cabo, apanha o vento que o faz arrastar, gerando um efeito semelhante, numa escala diferente, ao que acontece no kitesurf.
O Navy's Military Sealift Command, gabinete da marinha americana que se ocupa de logística, alugou o Beluga, um cargueiro alemão que dispõe desta tecnologia, para transportar materiais das bases americanas até à Europa.
A vela é um grande papagaio controlado por um computador que se eleva até 100 metros de altura acima do navio, onde os ventos são mais estáveis e previsíveis. Não usam mastros ou estruturas fixas e, uma vez dobrado, ocupa o espaço duma cabine telefónica. O funcionamento do sistema é relativamente simples: ao nível da proa, um braço telescópico estende e levanta um papagaio que o vento enche, até que chegue à cota operativa. Por questões de segurança o sistema Sky Sails - é este o nome do dispositivo - só pode ser utilizado em mar aberto.
As forças armadas americanas serão a primeira organização no mundo a utilizar esta nova geração de navios, a propulsão híbrida motor-vela, que permite poupanças de carburante de 20-30% relativamente às embarcações convencionais.
A nova tecnologia utiliza, em vez da vela grande e do spinnaker, um gigantesco papagaio que, ligado ao navio através de um cabo, apanha o vento que o faz arrastar, gerando um efeito semelhante, numa escala diferente, ao que acontece no kitesurf.
O Navy's Military Sealift Command, gabinete da marinha americana que se ocupa de logística, alugou o Beluga, um cargueiro alemão que dispõe desta tecnologia, para transportar materiais das bases americanas até à Europa.
A vela é um grande papagaio controlado por um computador que se eleva até 100 metros de altura acima do navio, onde os ventos são mais estáveis e previsíveis. Não usam mastros ou estruturas fixas e, uma vez dobrado, ocupa o espaço duma cabine telefónica. O funcionamento do sistema é relativamente simples: ao nível da proa, um braço telescópico estende e levanta um papagaio que o vento enche, até que chegue à cota operativa. Por questões de segurança o sistema Sky Sails - é este o nome do dispositivo - só pode ser utilizado em mar aberto.
quinta-feira, 5 de março de 2009
"Sobreviver no mar cruel"
Sobreviver no mar cruel
Robertson,Dougal - Ed. Verbo-colecção Gigantes da Aventura ou "Sobreviver" - Ed. Europa-América (2002) - nova versão mais completa e recente 'The last voyage of the Lucette' - Kelvin Hughes, Amazon.
Relato trágico e impressionante da aventura da família Robertson, lutando pela sobrevivência durante 38 dias a bordo do seu pequeno bote no oceano Pacífico, enfrentando tempestades, fome, sede e a morte, após o seu veleiro "Lucette" ter afundado em 60 segundos em consequência de um ataque de baleias assassinas. Tornou-se um clássico dos livros de relatos de sobrevivência e tem sido usado em todo o mundo em diversas escolas nos seus currículos de literatura.
"Aventureiros do mar" e "Naufrago voluntario-estratégias de Sobrevivências"
Aventureiros do mar
Bombard, Alain Ed. Inquérito
A visão do mar devorador é certamente uma das noções mais permanentes desde que o homem se instalou à beira do oceano e lançou primeiro um esquife frágil, depois navios cada vez maiores. Homens animados pelo espírito de conquista e de aventura sempre responderam ao apelo do largo. Foram alguns desses que Alain Bombard - ele mesmo aventureiro já tornado lenda - escolheu para apresentar nesta obra. Grandes comandantes portugueses das descobertas - o Infante D. Henrique e Vasco da Gama; incansáveis exploradores de outros domínios - Jacques Crusoé; visionários dos mundos marinhos, como os narradores da Atlântida e Júlio Verne; e aqueles que do seu fascínio pelo mar fizeram ciência - Darwin e Alberto I.
Náufrago Voluntário - estratégias de Sobrevivência
Bombard, Alain Ed. Civilização
Bombard, Alain Ed. Inquérito
A visão do mar devorador é certamente uma das noções mais permanentes desde que o homem se instalou à beira do oceano e lançou primeiro um esquife frágil, depois navios cada vez maiores. Homens animados pelo espírito de conquista e de aventura sempre responderam ao apelo do largo. Foram alguns desses que Alain Bombard - ele mesmo aventureiro já tornado lenda - escolheu para apresentar nesta obra. Grandes comandantes portugueses das descobertas - o Infante D. Henrique e Vasco da Gama; incansáveis exploradores de outros domínios - Jacques Crusoé; visionários dos mundos marinhos, como os narradores da Atlântida e Júlio Verne; e aqueles que do seu fascínio pelo mar fizeram ciência - Darwin e Alberto I.
Náufrago Voluntário - estratégias de Sobrevivência
Bombard, Alain Ed. Civilização
O relato da célebre viagem de travessia do Atlântico do próprio Alain Bombard, médico, biólogo e investigador francês, que quase lhe custou a vida, encetada com o objectivo de compreender as dificuldades de sobrevivência dos náufragos e provar que era possível sobreviver aproveitando os recursos oferecidos pelo mar.
"No Cabo Horn aos Vinte Anos"
No Cabo Horn aos Vinte Anos
Barrault, Jean-Michel Ed. Verbo
Livro apaixonante de um jovem jornalista (fez 20 anos durante a volta) que relata a fantástica aventura da primeira "Whitbread - Round the World Race 1973-1974" com escalas e tripulação, numa época ainda não dominada pelos profissionais e pelos interesses comerciais. A aventura, o sonho e o drama de 17 veleiros e seus 167 tripulantes com passagem pelos três cabos míticos (Boa Esperança, Leewin e Horn) que viria a terminar com a inesperada vitória do veleiro mexicano Sayula II (Swan 65) com uma tripulação constituída maioritariamente por amadores...
Barrault, Jean-Michel Ed. Verbo
Livro apaixonante de um jovem jornalista (fez 20 anos durante a volta) que relata a fantástica aventura da primeira "Whitbread - Round the World Race 1973-1974" com escalas e tripulação, numa época ainda não dominada pelos profissionais e pelos interesses comerciais. A aventura, o sonho e o drama de 17 veleiros e seus 167 tripulantes com passagem pelos três cabos míticos (Boa Esperança, Leewin e Horn) que viria a terminar com a inesperada vitória do veleiro mexicano Sayula II (Swan 65) com uma tripulação constituída maioritariamente por amadores...
"Navegador Solitário - Navegando Sozinho à Volta do Mundo"
Navegador Solitário - Navegando Sozinho à Volta do Mundo
Slocum, Joshua Ed. Europa/América Asterum
Clássico da literatura de viagens e imprescindível para os apaixonados da vela, relata a primeira viagem de volta ao mundo em solitário, realizada por Slocum no "Spray", pesqueiro de 37 pés transformado e armado em sloop. É uma maravilhosa aventura da idade das viagens à vela, contada por um homem que passou a maior parte da vida no mar, que tem servido de inspiração para muitos navegadores que se lhe seguiram.
Slocum, Joshua Ed. Europa/América Asterum
Clássico da literatura de viagens e imprescindível para os apaixonados da vela, relata a primeira viagem de volta ao mundo em solitário, realizada por Slocum no "Spray", pesqueiro de 37 pés transformado e armado em sloop. É uma maravilhosa aventura da idade das viagens à vela, contada por um homem que passou a maior parte da vida no mar, que tem servido de inspiração para muitos navegadores que se lhe seguiram.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Volvo Ocean Race - Leg 5
No passado dia 14 de Fevereiro partiu de Qingdao a quinta etapa da Volvo Ocean Race (a mais longa etapa da prova, com 12.300 milhas náuticas para percorrer) rumo ao Rio de Janeiro.
Das 8 equipas que iniciaram a prova, apenas 5 permanecem em prova. Acompanhamos com entusiasmo o desempenho de cada uma, mas não revelamos as nossas preferências...
Deixamos aqui a promoção feita à Volvo Ocean Race. Quem não sonharia experimentar um dia estas emoções...
Das 8 equipas que iniciaram a prova, apenas 5 permanecem em prova. Acompanhamos com entusiasmo o desempenho de cada uma, mas não revelamos as nossas preferências...
Deixamos aqui a promoção feita à Volvo Ocean Race. Quem não sonharia experimentar um dia estas emoções...
terça-feira, 3 de março de 2009
record da navegadora em solitário
A 5 de Junho de 1988, a australiana Kay Cottee com a sua embarcação de 11 metros entra triunfante no porto de Sidney: é a primeira mulher a dar a volta ao mundo em solitário sem assistência e sem escalas.
Kay Cotte viajou no seu luxuoso iate durante 186 dias, apenas com comida enlatada e sem nunca dormir mais de uma hora seguida.
In Guiness book:
"A singlehand nonstop circumnavigation eastabout from/to Sydney, Australia, via St Paul’s Rocks in the North Atlantic and south of the five southernmost capes, west to east, commencing November 29, 1987, and finishing June 5, 1988. Total sailing time 189 days 0 hours 32 minutes, logging 22,100 miles at an average speed of 116.93 miles per day. The voyage was completed without touching land, and without any form of outside aid apart from radio contact."
Talvez fosse menos confortável a viagem de outra navegadora, a inglesa Ellen MacArthur (na foto), que em 2001, apenas com 24 anos de idade, circumnavegou o globo em 94 dias, 4 horas e 25 minutos, na sua embarcação à vela Kingfisher, navegando sozinha 38600 quilometros, batendo todos os recordes precedentes.
Em 2005, Ellen bate o seu próprio record, ao fazer a circumnavegação em solitário, sem escalas, em 71 dias e 15 horas.
O peixe transparente!
Mora nos abismos marinhos, até 800 metros de profundidade, onde não há muita luz. Por isto desenvolveu uma vista muito especial. Avistado pela primeira vez em 1939 o peixe Macropinna microstoma, que mora no mar ao largo da California, com o seu crânio transparente ficou um mistério durante muito tempo. Depois de muita pesquisa os investigadores do Monterey Bay Aquarium Research Institute desvendaram os seus segredos. Este peixe engraçado tem crânio transparente (mostrando os orgãos interiores da cabeça) e olhos que podem rodar, permitindo-lhe de poder almazenar e controlar tudo o que o rodeia. Nomeadamente os peixinhos do que se alimenta e que captura com manobras certas e rápidas. O animal foi filmado atráves de uma sonda telecomandada a distância.
segunda-feira, 2 de março de 2009
Vitória em Português
Parabéns à Seth Sailing Team pela vitória da Taça de Espanha da classe Beneteau 25, este fim de semana em Marbelha.
Skipper - Álvaro Marinho
Equipa - Nuno Barreto, Diogo Barros, António Fontes e Luís Brito
Classificação geral final:
1º - Seth Sailing Team - Portugal - 12 pontos
2º - Iñaki Castañer (Renault) - Espanha - 23 pontos
3º - Pablo de Villar – Espanha – 24 pontos
Um triunfo que abre grandes expectativas para o Mundial de Match Racing que está quase a começar!
Skipper - Álvaro Marinho
Equipa - Nuno Barreto, Diogo Barros, António Fontes e Luís Brito
Classificação geral final:
1º - Seth Sailing Team - Portugal - 12 pontos
2º - Iñaki Castañer (Renault) - Espanha - 23 pontos
3º - Pablo de Villar – Espanha – 24 pontos
Um triunfo que abre grandes expectativas para o Mundial de Match Racing que está quase a começar!
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